quinta-feira, 2 de julho de 2015

Os primeiros namoros

Essa é uma história da minha adolescência.

Em Brasília, moramos em quadras, em blocos, em portarias, em andares. Na minha época, tínhamos os amigos que moravam no mesmo andar, ou na mesma portaria, etc... quanto menos a distância geográfica, maiores eram os laços de amizade. Acho que também os nossos pais conheciam melhor os pais dos amigos mais próximos, então era mais fácil conseguir autorização para irmos ao clube juntos, ou a um almoço de família em alguma chácara. hoje em dia isso mudou um pouco porque há muitas cercas entre os blocos, entre as pessoas, e os vídeo games ficaram mais atrativos do que as pessoas.

Eu tinha duas melhores amigas: uma morava no apartamento da frente, e outra morava em cima dela, no andar de cima. Tínhamos sorte porque éramos muitos da mesma idade na nossa portaria... a amiga do andar de cima sempre tinha refrigerante e bolo no lanche da tarde, então eu sempre tentava chegar lá por essa hora, já que lá em casa nem o conceito de lanche existia... às vezes dava certo. Tinha também uma amiga que morava em cima de mim, mas apesar de sempre andarmos juntas, meu pai meio que tinha proibido a amizade. Claro que eu nunca segui a proibição, mas agora penso que meu pai tinha uma intuição danada.

Porque a história é que depois de termos passado a fase das brincadeiras de barbie, depois de nos juntarmos para dançar as paquitas da Xuxa (eu era a Sorvetão), chegou a fase de nos juntarmos para dançar música lenta com os meninos. As festas de fim de semana não eram suficientes, assim quando um pai viajava, nos juntávamos durante a semana mesmo para paquerar. Cada uma tinha um par fixo que sempre dançava, e as que não tinham ficavam ditando dicadinhas do coração, que eram poemas profundos como: "Se viver é amar, se amar é viver, vivo porque amo você".

Meu par dessa época mandou muito mal ao me pedir em namoro e acabou recebendo um não como resposta... assim, minha amigas foram passando para a próxima fase dos namoros sérios e eu fui ficando até que esse garoto, que era o mais interessante da quadra se interessou por mim.

Nessa época, descíamos todos os dias para "brincar" em baixo do bloco. Minhas amigas tinham que subir às 22hs, eu não tinha horário fixo, o que me fazia sentir mais moderna... mas como eu disse acima, meus pais sempre tiveram uma intuição danada. No dia marcado para eu ficar com o tal garoto, minha mãe mandou eu subir às 21hs. Tá brincando? Tentei argumentar mas naquele dia não tinha muita discussão. Fala sério. Bom, eu desço com a amiga do andar de cima, ela vai encontrar seu namorado e eu meu garoto, e no caminho o namorado termina o relacionamento. Fala sério, logo hoje? E assim as leis de murphy foram me afastando do meu objetivo da noite.

Marcamos para um próximo dia. Mas o dia nunca chegou, porque a menina que morava em cima de mim entrou no meio da história e me disse que ele não queria mais ficar comigo e eu acreditei. Na festa seguinte ela falou que o irmão dele queria ficar comigo, e eu acreditei. E o pior é que eu demorei esses anos todos para perceber a armação...

Mas foram dias divertidos.


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