quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O risoto que deveria ser a poção mágica do amor

Em tempos passados eu andei saindo com um australiano. Ele parecia tudo de bom no primeiro mês e um sapo no segundo mês. Durante todo o tempo, no entanto, ele cozinhava. Cozinhar para ele era um ato de amor: café da manhã com capricho, almoço com atenção, jantar com carinho. Ele era criativo e dava energia em cada comida. Esse era o ponto alto do relacionamento. Mas como os pontos fracos estavam se sobressaltando, fui terminar o que quer que seja que estivéssemos vivendo.
Então ele me olhou com muita profundidade e da maneira mais singela do mundo me fez somente um pedido:
- Você pode decidir se vai de fato terminar comigo depois de comer meu risoto? Meu risoto é muito gostoso, por favor me dê essa chance.
Achei tão interessante e engraçado esse pedido, que não tive como recusar.

Passados alguns dias, o risoto chega em minha momentânea casa. Ao comer, no entanto, tive uma grande surpresa. Era simplesmente a pior coisa que eu já tinha comido, não só na vida, mas principalmente que ele tinha cozinhado. Certamente não faltaram ingenuidade, atenção, capricho, nem carinho- esses ingredientes estavam presentes. O que faltou era uma pitada italiana no sangue surfista- risoto não é simplesmente arroz com algo que o torne molhadinho. Não. Risoto é a combinação perfeita de ingredientes necessários. Principalmente se você quer que seu risoto seja a poção mágica do amor. A princesa não virou ogro nem o ogro virou príncipe. Faltaram ingredientes nessa poção.
Mas vou sempre me lembrar desse como um dos términos mais enigmáticos da minha vida. 

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