Em tempos passados eu andei saindo com um australiano. Ele parecia tudo de bom no primeiro mês e um sapo no segundo mês. Durante todo o tempo, no entanto, ele cozinhava. Cozinhar para ele era um ato de amor: café da manhã com capricho, almoço com atenção, jantar com carinho. Ele era criativo e dava energia em cada comida. Esse era o ponto alto do relacionamento. Mas como os pontos fracos estavam se sobressaltando, fui terminar o que quer que seja que estivéssemos vivendo.
Então ele me olhou com muita profundidade e da maneira mais singela do mundo me fez somente um pedido:
- Você pode decidir se vai de fato terminar comigo depois de comer meu risoto? Meu risoto é muito gostoso, por favor me dê essa chance.
Achei tão interessante e engraçado esse pedido, que não tive como recusar.
Passados alguns dias, o risoto chega em minha momentânea casa. Ao comer, no entanto, tive uma grande surpresa. Era simplesmente a pior coisa que eu já tinha comido, não só na vida, mas principalmente que ele tinha cozinhado. Certamente não faltaram ingenuidade, atenção, capricho, nem carinho- esses ingredientes estavam presentes. O que faltou era uma pitada italiana no sangue surfista- risoto não é simplesmente arroz com algo que o torne molhadinho. Não. Risoto é a combinação perfeita de ingredientes necessários. Principalmente se você quer que seu risoto seja a poção mágica do amor. A princesa não virou ogro nem o ogro virou príncipe. Faltaram ingredientes nessa poção.
Mas vou sempre me lembrar desse como um dos términos mais enigmáticos da minha vida.
Mas vou sempre me lembrar desse como um dos términos mais enigmáticos da minha vida.
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