sábado, 23 de agosto de 2014

Meus vizinhos da Quondong Street

Eu amo os meus vizinhos. Ponto.
E aquele sentimento espontâneo, gostoso, aquela vontade de se ver, aquela vontade de fazer coisas legais e gostosas para eles, aquela vontade de que o momento pare e que não tenhamos que nos separar nunca.

Como começou?
Era um fim de tarde qualquer, eu estava em casa lendo, e bateram na porta. Era um senhor com um bigode engraçado falando qualquer coisa sobre o apartamento. Ele se apresentou como o sindico e se ofereceu para me explicar o que era minha responsabilidade, o que era dele, e o que era da imobiliária, porque na sua opinião as imobiliárias tentavam tirar muita vantagem dos inquilinos estrangeiros. Logo ele falou que morou 17 anos no Japão. Prontamente eu respondi que também tinha morado por lá, e logo nos identificamos e ficamos uma hora jogando papo furado.

No outro dia, ele voltou com alguma lembrança para mim do Japão, e jogamos mais papo furado. Logo ele estava me esperando chegar da varanda para jogar papo fora, e logo foi crescendo a amizade. Ele sempre me apoiando, um dia me deu a senha da internet dele até que eu instalasse uma para mim. Eu uso a internet dele até hoje... resquícios de uma amizade que permanece. Sua esposa Jill então é minha contraparte materna australiana.

Aí minha mãe e minha irma vieram de ferias e a simpatia cresceu entre elas também. Começou então uma troca de dotes culinários- um fazia um prato, o outro retribuía, e assim a Julia acabou dando todos os meus alfajores e doces de leite que ela tinha trazido da Argentina para os vizinhos. Claro que dessa parte eu não gostei.

A outra vizinha da frente é uma senhora de uns 70-80 anos chamada Dawn. A conhecemos no dia em que no micro corredor ela nos perguntou se a nossa TV estava funcionando. Eu respondi que não sabia porque não tínhamos TV, ao que ela acrescentou chorando que fazia dias que sua TV não funcionava, que ela se sentia sozinha, que ela tinha chamado um técnico que a passou a perna, etc, etc.. ao que no instinto brasileiro fui e dei um abraço na velhinha! Imagina, uma senhora que mora sozinha, sem contato físico há anos, e lá vai a brasileira. Mas aparentemente ela gostou, deixou um cartão e um saco de damascos na minha porta. Daí deixei um cartão na caixa de correio dela. Daí ela agradeceu. Agora ela sempre bate na porta e oferece frutas, sucos, tudo que ela compra e acha que é demais para ela sozinha. Quando viajei para Perth, pedi para ela cuidar das minhas plantas...

Bom, nesse contexto chegou o dia do ano novo de 2013/2014. E eu sempre tenho historias engraçadas/catastróficas nesses dias...
Viajaríamos para a Tasmânia no dia 01 às 10hs. Mas no nosso bairro, Mooloolaba haveria queima de fogos e todos os nossos amigos queriam que nós fizessemos a festa de ano novo no nosso apt. Muito bate bola depois, acabamos cedendo, mesmo sabendo que praticamente não iríamos dormir, arrumando tudo antes da viagem. Acordo cedo, começo a cozinhar um quilo de lentilha para a festa, arrumo o quarto de hospedes onde um casal iria dormir, troco lençol, toalha, compro enfeites de ano novo, etc... já que é para fazer, vai ser uma super festa, penso eu.
Depois de colocar a lentilha no fogo, recebo a primeira mensagem de cancelamento. Parece que vai chover, dizem.
Depois de fazer a cama, recebo a segunda mensagem de cancelamento. Estou com dor de coluna, dizem.
Depois de passar aspirador na sala, recebo a terceira mensagem de cancelamento. Não estou mais a fim, dizem.
Fala sério.
Resolvo então descer pelo prédio e convidar todos os vizinhos para a festa. Todos não tinham planos e aceitam prontamente. Foi super divertido. Um brinde à espontaneidade e à simpatia!

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