terça-feira, 13 de maio de 2014

Australianos alarmados

Quando você pensa na Austrália você pensa em praia, surfe, galera legal, e... em incêndios, certo? Todos os anos eles sofrem com os "Bush Fires", os incêndios florestais. Não sei se é causa ou consequência, mas eles são obcecados com incêndio também dentro das casas. Aqui dentro do meu apartamento de 80m2 tem dois alarmes de incêndio: um fica na sala, quase na frente do fogão (já que é tipo uma cozinha americana); o outro fica no corredor que liga os quartos. Isso torna a arte de cozinhar ainda mais complicada, porque além dos temperos e sabores, você tem que se preocupar em não fazer muita fumaça, senão já era! O bicho começa a apitar desesperadamente. Como são muita variáveis para lidar ao mesmo tempo, logo que eu me mudei os meus vizinhos me ensinaram a como desliga-lo quando ele começa a apitar (já que eu estava tirando o sossego deles). 

Bom, domingo eu estava fazendo uma carne de porco e o negócio pegou fogo mesmo. Aí todos os alarmes da casa começaram a apitar ao mesmo tempo, desesperadamente. Corri de um lado para o outro, em dúvida de qual tentar desligar primeiro, claro que nenhum funcionava bem, e eu na ponta do pé em cima do sofá apertando o bicho de um lado, correndo para pegar uma cadeira e me equilibrar para apertar o outro. Depois de alguns minutos de caos, quando eu pensei que tudo havia voltado ao controle (já que isso já está quase virando rotina- cozinhar, apitar, apagar, queimar, reclamar dos australianos, sonhar em cozinhar em paz, etc), eu percebo que o bicho do corredor ainda apita, embora em intervalos mais prolongados. Ao invés de "bip, bip, bip" é um "bip.......................bip.......................bip". Ok, mesma correria, aperto o bicho de novo. E espero. Aí vem: "bip.......................bip.......................bip". Para, volta, para, volta. A partir daí eu não tenho certeza se me acostumei ao ruído ou se ele parou um tempo, mas quando eu fui dormir, já não o percebia. 

Claro que às 4hs da manhã sou despertada com o "bip.......................bip.......................bip". Ninguém merece, penso eu. Vou lá, aperto o bicho de novo, sacudo, tiro as peças, encaixo novamente, e volto para a cama sonhando em dormir. Daí, adivinhem? "bip.......................bip.......................bip". OK, desisto, você venceu. Não durmo mais. No outro dia, nada de "bip.......................bip.......................bip", penso que o bicho desistiu de mim. Claro que de novo, na outra noite às 4s da manhã sou despertada: "bip.......................bip.......................bip". Dessa vez eu não pensei duas vezes, desencaixei o bicho e o coloquei na sala, em baixo do sofá, para abafar bem o barulho. Deito na cama, começo a contar carneirinhos e daí "bip.......................bip.......................bip". levanto de novo, pego o bicho do sofá e o coloco dentro da churrasqueira, na varanda. Me deito novamente, coloco um floral na língua, fecho os olhos e "bip.......................bip.......................bip"!!!! Não há meditação, budismo, Ave Maria que te ajude nesta situação!

Quando me levanto então, pela trigésima quinta vez, resolvo colocar o bicho na garagem. Baixo as escadas, na surdina, com medo de ser descoberta (tirar o alarme de incêndio dá multa), e o coloco lá no térreo, escondido dentro da cestinha da bicicleta, fecho a porta com alívio, e subo de novo as escadas com um sorriso no rosto. Deito, já nem me importo mais se vou dormir ou não. A questão é que na minha cabeça começo a escutar um barulho mais intenso. Começa a neurose de que ao tirar o alarme, ele se denuncia e muda o tom. Desço de novo as escadas, e coloco o ouvido na porta da garagem para tentar ouvir algo. Não ouço nada! Subo de novo convicta de que agora posso dormir o sonho dos anjos. E dormi! Aleluia!

O alarme ficou na garagem um par de dias, às vezes quando eu passava, o escutava e dava um sorriso....

P.S: Depois de um par de dias descobri que esse apito significa que está na hora de trocar a bateria. Ui!

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