Meu dia a dia

Primeiro, desculpa porque não escrevo há muito tempo, mas ando tão ocupada... no escritório não tenho cinco minutos, organizei dois treinamentos nas últimas semanas e agora estou facilitando outro em outra cidade, tendo que viajar duas vezes por semana. Depois a vida social aqui, que envolve sempre comida, ou almoços ou jantares, está a mil, e muitas vezes eventos importantes que não posso faltar, e ainda tento manter a minha forma correndo na esteira pelo menos duas vezes por semana. No interregno ainda tento com todas as minhas forças terminar a tese este mês e frequentar os bares para ensina-los que cerveja se guarda na "arca" e não na geladeira. Isso quando não falta eletricidade, fato que se torna mais e mais comum à medida em que o verão queima a nossa pele. Um pote de creme hidratante não dura mais que uma semana e nossa pele fica toda manchada, mesmo com protetor. As nossas noites de cinema se tornam mais e mais interessantes, com filmes clássicos vindo a tona. Nisso ainda tento desesperadamente incorporar por osmose a língua francesa no meu cérebro, já que mal tenho tempo de ir às aulas e minha chefe a cada dia que passa tem mais e mais preguiça de falar inglês ou tentar compreender português. E sonho em ir ao Brasil em Agosto, já até reservei a minha passagem. Ah, sem contar a visão do mar todos os dias, que me enche de vontade de ir nadar, mas faz uma semana que não consigo nem molhar os pés... também tenho que me atualizar lendo desesperadamente todos os jornais brasileiros para me prevenir dos constantes ataques ao meu lindo país, fato que se torna mais e mais corriqueiro e me faz ter a cada dia mais convicção que, definitivamente eles não gostam de gringos e muito menos de brasileiros.
Depois disso tudo ainda me sobra um tempinho para filosofar, Graças a Deus. E ando pensando... uma das coisas que mais me encanta em conviver com outras culturas é perceber que tudo, tudo na vida é um conceito pré estabelecido, e que muitas culturas conceituam coisas de forma diferente, o que te faz balançar seus pré-conceitos e ampliar a mente. Quer dizer, uma imagem ou uma definição que nos passam no Brasil, na nossa família não é a mesma na imensa bola que é o mundo. Até as coisas mais simples, como por exemplo, o que é pão, casa, família, praia. Esse último tem me chamado a atenção desde que cheguei. Posso ser do centro oeste e ter ido à praia enquanto vivia no Brasil, com sorte, uma vez por ano, mas meu conceito de praia nas férias sempre foi um lugar que íamos para passar o dia, com restaurantes a beira do mar, com refrigerante ou cerveja gelados, cadeiras para sentar, etc. mar para mim era outra coisa, mas praia um local de lazer com alguma infra estrutura. Daí aqui esse conceito caiu por água abaixo, não há uma praia na ilha com nada ou um item da minha lista de praia. Eles vão ao mar, não à praia. Não há praia na Praia. E vocês não tem idéia de como eu sinto falta disso!! Me peguei pensando que definitivamente preciso de férias e que deveria tentar tirar uma das semanas que estarei no Brasil, depois de defender a bendita tese, para ir à Bahia... ahhhh, a Bahia... ou ao Rio, cidade maravilhosa. A segunda etapa depois de ter alguns conceitos questionados é aprender a respeitar o ponto de vista do outro, a outra cultura, o que às vezes é um choque ainda maior, tendemos a achar o nosso melhor... agora, depois de tentar convencê-los a reabrir a barraquinha de madeira na Prainha eu desisti e procuro uma geladeirinha para comprar e levar minha cerveja pra minha praia, quero fazer minha prainha imaginária, mas é difícil, já que nem carro eu tenho. Aliás, estou descobrindo que comprar carro aqui é super difícil, uma amiga que chegou de Luxemburgo está tentando comprar um há mais de um mês!!! Viu, não ter dinheiro às vezes é bom, nem perdi meu tempo procurando. Também a moça que me ajuda a limpar a casa disse que nunca tinha visto um abacaxi, que aqui eles chamam de ananás. Deixei um recado pedindo para ela cortar e ela ficou com medo. Acho que vou até guardar um pedaço pra ela. Também, eu paguei 7 euros no abacaxi, imagina, muita vontade mesmo. Nessa época de verão está difícil achar frutas e verduras frescas. Ahhhh!! O melhor de tudo, fui a um aniversário sábado passado e tinha uma roda de samba!!!!!!!!!!!!!! Demais! No começo fiquei sentada, gingando na cadeira, até denunciarem que eu era brasileira, no final estava ensinando os gringos a sambar, e, claro, o truque da cerveja...