Acabei de ler este livro do Mia Couto e me descobri perdidamente apaixonada... pela sua sensibilidade, sua delicadeza na escrita, sua poesia em cada fala, pela sabedoria de suas reflexões... por tudo o que o livro contém, pela sua intensidade a cada página. Ler um parágrafo já me enchia de poesia. E fazia me descobrir poeta, querendo falar poesia, refletir delicadeza e profundidade.
"Todo o instante que desperdiço, é a Vida inteira que estou perdendo".
"Hoje sei: nenhuma rua é pequena. Todas escondem infinitas histórias, todas ocultam incontáveis segredos".
"Certa vez, Noci me contou do vazio da sua relação com o Aproximado. Como o namoro, com o tempo, se tinha vazado. Distintos que parecessem os nossos trajectos, nós pisávamos as mesmas pegadas. Eu saíra da minha terra para procurar um homem que me traía. Ela traía-se a si mesma com alguém que não amava.
- Por que aceitamos tanto? - questionou Noci.
- Quem?
- Nós, mulheres. Por que aceitamos tanto, tudo?
- Porque temos medo.
O nosso medo maior é o da solidão. Uma mulher não pode existir sozinha, sob o risco de deixar de ser mulher. Ou se converte, para tranquilidade de todos, numa outra coisa: numa louca, numa velha, numa feiticeira. Ou, como diria Silvestre, numa puta. Tudo menos mulher.
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