segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Estereótipos de Brasília

A essência das coisas continua a mesma...
Ontem estava conversando com a minha amiga Jana sobre as ladainhas de Brasília, aquele papo eterno, que sempre surge, e todos reproduzimos. Tipo, Brasília é seco demais (de Junho a Setembro), Brasília chove demais (de Novembro a Fevereiro), não aguento mais as cigarras (de Setembro), Brasília não tem nada para fazer (o ano todo), Brasília é um ovo de codorna (todos os dias).
Nos meus tempos fora, sempre que eu falava que era de Brasília as pessoas se surpreendiam, me diziam que nunca tinham conhecido alguém daqui, e mais surpresos ficavam quando eu dizia que a cidade tinha 50 anos então que, claro, eu poderia ter nascido na cidade. Um dia um amigo chileno me explicou a sua surpresa: "é que todas as fotos que eu sempre vi de Brasília são de monumentos, prédios, da arquitetura, nunca vi gente em nenhuma foto". Neste dia, eu cheguei em casa e chequei o meu álbum de fotos publicado com o objetivo de mostrar Brasília aos amigos, percebi que eu também estava reproduzindo automaticamente o padrão, pois havia só uma foto com gente, e eram dois seguranças passando na entrada da catedral...
Tá na hora de olharmos para Brasília com um olhar diferente, de pensar nas especificidades que fazem a cidade tão especial. E procurar outro papo para trocar com os vizinhos no elevador.
Tenho pensado em algumas coisas.
Acho fenomenal os vários brasis que tem em Brasília. Ontem eu fui ao tradicional poço azul. Genial. O lugar é do povão, eu e Raul éramos notadamente intrusos no ambiente. Mas que simpatia de gente, todos falaram conosco, nos incluiram nos papos, na roda. Me incentivaram a entrar na água gelada, me emprestaram o colchão inflável para ficar relaxando na água, contaram as manhas de curtir o lugar. O Raul achava que todos eram amigos, porque todos falavam com naturalidade uns com os outros. No fim do dia eu tinha uma opinião contrária. Eles falavam porque é o jeito deles, porque é assim que eles são. E eu queria um círculo social assim também, nós da outra classe somos excludentes.
Depois da cachu, paramos no colorado para lavar o carro e comer uma pamonha. Já fizemos outros 10-15 amigos no período, de dicas de onde comer a melhor pamonha a dicas para futuros passeios em cachus. O colorado parecia uma cidade do interior, fiquei com vontade de alugar a casinha do Giraffa´s para morar lá...

3 comentários:

EduGois disse...

Genial... é um pouco aquela história dos fatos serem o que são mais a representação que deles fazemos, aliando a isso nossos gostos, repertórios e escolhas. Parabéns!

dizquefuiporai disse...

De fato! Q bom q vc gostou do texto! Abraço

Jonatan Müller disse...

Texto de extrema sensibilidade. E digo mais, precisamos expandir esse olhar alternativo, egocêntrico, para além de todos pré-conceitos que carregamos. Quando viajo a primeira coisa que busco fazer é dar umas bandas no interior. É lá que está a essência do país, sem falar que a "vibe" do povo é muito mais cativante e engraçada!

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