sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Uala Ni Matama

Tive o privilégio de ir novamente a este encantador país que é Angola.
É claro que a gente muda, o país muda, a nossa perspectiva muda (antes eu tinha ido de Cabo Verde, e agora do Brasil depois de morar 1 ano na Espanha) e a gente já não tem certeza do que está de fato diferente.
De qualquer forma, desta vez eu trabalhei muito e tive pouquíssimo tempo para curtir as pessoas e a vida angolana. Nem tive tempo de comprar meus panos!
Ainda em Luanda, o ponto alto foi o encontro inesperado com umas meninas. Elas vieram correndo em um grupo grande e disseram: "tia, eu nunca tinha visto um cabelo tão grande como o seu!". Foi tão inesperado que por 1 minuto fiquei sem reação, depois disse: "Eu também gostei muito do cabelo de vocês, com muitas trancinhas e pinduricalhos coloridos". Elas agradeceram e continuamos num papo furado por um momento. Na hora da despedida elas falaram: "Gostamos muito de conhecer você"! Que lindas!
Depois fui à Malanje, uma das Províncias mais bonitas e dita como uma das mais afetadas pela guerra. Fui às quedas dágua de Kalandula e às pedras negras de Pumbandombo. Belíssimos lugares, mas eu não tinha bateria na máquina para tirar fotos!
Desta vez a guerra estava presente na cara de todos, na vida de todos (a guerra civil terminou em 2002). E no dia 10/09/2010 eu posso dizer que vi a face da morte, mas não vou contar este "causo" aqui.
O Lugar mais bonito das cidades, o mais preservado, é sempre o cemitério, cheio de árvores e flores. Será que a guerra não chegou aos cemitérios, único local prerservado? Eu pedi para as crianças das escolas desenharem, e todas desenharam muitas flores, falta beleza na vida delas.
No município de Kalandula, fiquei batendo papo com o povo na frente da direcção municipal de educação. Comentei que todas as crianças são muito fofas com suas bochechonas ululantes, pois só elas, enormes, estão à mostra quando são penduradas nas costas de suas mães. Então me ensinaram como dizer "tem bochecha" em kimbundo, a língua tradicional desta região do país (que é o título deste post- Uala ni matama). As crianças de fato são muito fofas e bochechudas!
Agora, Luanda é um caos absoluto. As pessoas perdem por volta de 5hs diárias em engarrafamento, simplesmente é quase impossível você passar de 30km por hora, seria mais fácil e rápído andar de bicileta, se fosse possível, mas como não há calçadas, espaço no asfalto, isto também seria impossível. Assim que os que ali vivem necessitam de muita força e afeto.
Foram 8 dias em Angola, mas a verdade é que desta vez eu não via a hora de voltar para casa!

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