Pela sua particularidade insular, e pelo fato de não produzir nadinha, o acesso aos produtos em Cabo Verde é bem... não diria nem sazonal, porque não tem lógica, é... inesperado. Um dia você vai ao supermecado e tem tudo o que você gosta, de yogurt de soja a misoshiro... depois tudo desaparece e você não tem certeza se algum dia estarão de volta. Tudo depende do navio que aporta por aqui, eu acho. Isso torna qualquer tipo de planejamento alimentar muito difícil...
Por exemplo, quando eu cheguei, no Calu, que é o maior mercado da cidade, tinha arroz de sushi e misoshiro. Fiquei super feliz! Comprei o misoshiro e deixei o arroz para comprar quando minha mãe trouxesse nori para mim do Brasil. Domingo eu fui ao Calu já sonhando com um oniguiri quando levo um choque ao olhar para a prateleira e constatar que: não há arroz de sushi; não há misoshiro; há nori. Assim, agora eu tenho mil algas e nenhum arroz. E sabe-se lá se um dia isso vai voltar a constar nas prateleiras...
Logo que eu cheguei comprei um queijo camembert, delícia, nem foi tão caro. Me espantou o fato dele ser de origem japonesa, todo o rótulo era em japonês... isso quando os produtos "japoneses" são de origem inglesa. Passei longas horas do meu dia pensando porque diabos um queijo camembert veio do Japão pra Cabo Verde, viajei até o ponto de imaginar um navio pesqueiro japonês aportando aqui e trocando o direito de levar uns atuns por alguns queijos camemberts que eles tinham sobrando no porão. Enfim, quando eu abri o queijo, comi um pedacinho pequeno para ele não acabar logo, mas... esqueci fora da geladeira. Quando percebi meu erro, o queijo já estava cheio, absolutamente infestado de formigas ninja (e o queijo nunca mais apareceu nas prateleiras, acho que agora todos os navios pesqueiros japoneses estão caçando baleias na Antártida).
Aqui tem essas formigas que os caboverdeanos chamaram carinhosamente de NINJA. Parece que vieram da Guiné Bissau e comem absolutamente tudo, até os fios dos eletrodomésticos, destroem computadores, etc. No meu novo apartamento elas estão por toda a cozinha, não se pode deixar absolutamente nenhum alimento fora da geladeira, louça suja... é o paraíso delas. No início eu travei uma luta mortal com elas, até ler uma reportagem budista. Então passei alguns dias em crise porque não deveria matar nenhum ser vivo, mas por outro lado eu não podia nem cortar legumes direito na minha cozinha que elas subiam em cima da tábua. E como meu computador fica na mesa da cozinha eu comecei a ter pesadelos em que eu acordava e ele tinha sido comido. Foram dias difíceis, até que me rendi ao inseticida. Agora mal posso ver uma que saio tacando veneno, virei um ser do mal, meu braço esquerdo agora tem todo o tempo um super inseticida verde, vejo uma e a ameaço até ela tentar entrar no seu esconderijo e então taco o inseticida matando várias e várias delas. Mas parece que elas aumentaram... acho que entramos verdadeiramente em guerra, agora terei que aperfeiçoar minhas armas do mal... ou voltar a seguir os princípios budistas e levar meu computador pro quarto toda noite...
Um comentário:
kkkk, agora já achei uma diversão para os dias em que estou meio de bode!! vc alegra qq um viu? adorei as formigas ninjas! E claro ficar atualizadas com as histórias de uma amiga em Cabo Verde...
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