Kathya

Desde a madrugada de domingo para segunda, a Kathya, uma amiga de SP, está aqui na Praia. A menina, antes mesmo de chegar, já estava revolucionando a cidade.

Desde cantadas prévias: "Ah sim? Uma amiga brasileira está a chegar? E ela é tão bonita e simpática como você???" a aulas de história sobre a colonização brasileira no século XX, em pleno refeitório das Nações Unidas, complementando a resposta: "Sim, ela é muito bonita, é nipo-brasileira". Ela revolucionou ao vim de TAP, não TACV e por ser um dos únicos aviões da TAP a atrasar em muito tempo; sem contar que ela parece mais local do que eu, já que aqui todos vão facilmente achar que ela é uma das chinesas residentes, donas da metade das lojas da cidade, enquanto eu pareço uma cooperante, multimilionária.

Na segunda feira, ela já conhecia metade da cidade, não só fisicamente, como a população. Conheceu até argentinos nessa terra!!! Segunda ela chegou e disse: "fui naquela loja no Platô que vende bijuterias tradicionais" "Hein???????? bijuterias tradicionais?? E aqui existe algum artesanato tradicional??" foi a minha resposta. Terça ela chegou e disse: "Passei naquela galeria de arte no caminho para a sua casa, acho que voltarei lá para comprar lembrancinhas" "Hein?????????? galeria de arte na Praia?????????" Menina, estou chocada, como diz a Roselma.

Ela está mudando toda a nossa concepção de vida sobre a cidade, até sobre os famosos hiacis: "Ah, eles aqui não estão mal, no resto da África você não só anda com 50 pessoas no carro como ainda tem que barganhar o preço, aqui pelo menos o preço já é fixo".

Esse fim de semana vamos a Ilha do Fogo. Essa é a ilha do vulcão, que ainda é ativo, a última erupção ocorreu em 1995. Estamos super empolgadas para dormir na cratera do vulcão em plena lua cheia. Há uma comunidade que vive na cratera, chamada "Chã das Caldeiras", é a terra mais fértil de Cabo Verde, então plantaram vinheiros, e por sinal o vinho de lá é bem gostoso. Fiquei estarrecida ao perceber, semana passada, que o vinho do fogo custa 750 escudos enquanto qualquer vinho importado de Portugal ou França custa no máximo 500 escudos. E vende! No fim do ano estava em falta... então da próxima vez conto as histórias das nossas aventuras pela ilha do vulcão.