Desde segunda estamos recebendo uma missão de todos os doadores, parceiros da ajuda orçamental ao país. São delegações do Banco Mundial, da União Européia, da Holanda, Espanha, Áustria, Banco Africano de Desenvolvimento... temos uma média de 6 reuniões por dia, com setores específicos para monitorar os resultados previstos. O mais engraçado é a multiplicidade de línguas em que se pode falar numa única reunião. No início damos uma olhada para averiguar a língua predominante, mas sempre há alguém que fica sem entender nada, então acaba-se alternando.
O que me admira nos cabo-verdeanos é o fato de quase todos serem poliglotas. Todos que frequentam a escola já sabem de saída três línguas: criolo, francês e português.
O coordenador da reunião tem que dominar absolutamento todas, para poder inclusive traduzir eventuais perguntas numa língua que não seja a predominante. Ontem à tarde comecei numa reunião em português, andamos até o Ministério da Agricultura, começaram a reunião em francês, olharam pra mim, voltamos pro português, depois voltamos para as Finanças e passamos para uma metade em inglês, metade em francês. Nisso eu estava andando com a estatística sênior do Banco Mundial na rua e pensei que no futuro vou ficar como ela, começava a frase numa língua, terminava na outra, é uma confusão.
Mas agora eu estou entendo mais as relações sociais, e meu mundo do trabalho tem melhorado vertiginosamente. Na primeira semana senti a equipe muito antipática comigo, então percebi que me chamavam de Dra. Juana, e quando eu tentei argumentar que nem terminei o mestrado ainda, eles riram... retribuí. Agora uso todos os nossos mais ilustres pronomes de tratamento e todos estão sendo super simpáticos, até me chamaram para um picnic da turma no domingo. Adorei! Estou super animada! Nunca participei de um picnic na praia.
Ontem chegou um avião da FAB trazendo ex estudantes de Cabo Verde e Guiné Bissau e suprimentos pras embaixadas... e no meio, bem no meio, vieram os meus pacotes de arroz, lentilhas e cremes hidratantes. Que sonho! Obrigada mãezinha e Denise. Enfim, saímos com os tripulantes da FAB e foi muito bom estar numa mesa enorme de compatriotas, mesmo que eu esteja aqui somente há 20 dias, só não tinha como suprir a saciedade deles por night... realmente para eu pagar a minha língua de que em Brasília não tinha nada pra fazer, aqui verdadeiramente não tem absolutamente nada durante a semana. Agora é esperar a vinda da Denise, que disse não cogitar a vida dela sem criolina, então prometeu abrir uma boate de Black Music brasileira por aqui...
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