segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Anais Nin


Faz um ano que estou lendo um livro da Anais Nin. É o volume 5 dos seus diários (referente aos anos de 1947-1955). Não sei como é a publicação em português, se há essa mesma divisão, pois estou lendo uma versão livro de bolso em inglês que eu comprei por um euro em Amsterdam, no ano passado.
Bom, eu adoro o livro. Talvez por isso me custe tanto terminá-lo, é que eu não quero que ele não esteja mais na mesa de cabeceira ou na mochila. Já o levei a inúmeras viagens comigo, ele foi o meu acompanhante em Andalucia, no Rio de Janeiro, etc. Ele é ótimo para viagens porque é pequeno e levinho, mesmo que seja muito velhinho.
Meu livro tem uma dedicatória na primeira página do dia 11/05/1978, data anterior mesmo ao meu nascimento. Mas eu não entendo muito mais da dedicatória, além da data. Acho que a pessoa que a escreveu, ainda estava aprendendo inglês, pois o nome que assina é algo como "Rozsika" (não tenho certeza da terceira letra), então a pessoa me parece da Europa do leste. O destinatário certamente é holandês, mas eu também não entendi bem o nome dele. Mas está escrito o nome e o sobrenome. Eu entendo também a última frase da dedicatória: "I hope you do understand it".
Vou tentar decifrar aqui o que eu entendo da péssima letra da culta Rozsika (que eu assumi ser mulher). Uma pessoa que dá esse livro de presente é uma pessoa legal. Ela começa falando que se importa com ele/ela, que ele/ela faz parte de uma das árvores mais velha da vida dela/dele... Árvores mais velhas me remete a relações familiares antigas, mas como a origem entre os dois aprece muito diferente, penso que ela reencontrou um amante da mãe dela? Ou o pai que ela nunca conheceu? Um tio-avô que ela acreditava ter morrido na guerra? Naturalmente não é um círculo familiar que ela tenha tido relações em sua infância.
Deixando as conjecturas, o livro traz reflexões profundas sobre a vida, sobre a arte, sobre cultura, sociedades. E ela pula de um assunto para outro com tanta naturalidade, que segue o nosso fluxo natural de pensamentos. Adoro reflexionar sobre relacionamentos familiares, junto com a Anais, e logo estar refletindo sobre os personagens de um filme clássico... o livro é uma delícia de se ler.
Toda essa introdução é para dizer que hoje eu fui ao sapateiro, que tinha se esquecido de consertar o meu sapato. Como agora eu moro longe, o convenci a consertar rapidinho enquanto eu esperava. Então sentei num banquinho em baixo de uma árvore, tirei o livro da bolsa e comecei a ler. Fazia um tempão que eu não o lia, porque estou lendo outros 5 livros ao mesmo tempo, e os outros por alguma razão se tornaram prioridade. Mas das 4 páginas super profundas e lindas que eu li hoje, tirei algo que é pura reflexão de ano novo, que eu vou compartilhar aqui:
"Not knowing what we want, not wishing for it, keeps us navigating along peripheries and tributaries formed and shaped by external influences. (...) The probable and improbable are only negative concepts we have to transcend, not accept".
Então, feliz ano novo a todos os leitores!

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