Faz um
ano que estou lendo um livro da Anais Nin. É o volume 5 dos seus diários
(referente aos anos de 1947-1955). Não sei como é a publicação em português, se
há essa mesma divisão, pois estou lendo uma versão livro de bolso em inglês que
eu comprei por um euro em Amsterdam, no ano passado.
Bom, eu adoro o livro. Talvez por isso me
custe tanto terminá-lo, é que eu não quero que ele não esteja mais na mesa de
cabeceira ou na mochila. Já o levei a inúmeras viagens comigo, ele foi o meu
acompanhante em Andalucia, no Rio de Janeiro, etc. Ele é ótimo para viagens
porque é pequeno e levinho, mesmo que seja muito velhinho.
Meu
livro tem uma dedicatória na primeira página do dia 11/05/1978, data anterior
mesmo ao meu nascimento. Mas eu não entendo muito mais da dedicatória, além da
data. Acho que a pessoa que a escreveu, ainda estava aprendendo inglês, pois o
nome que assina é algo como "Rozsika" (não tenho certeza da terceira
letra), então a pessoa me parece da Europa do leste. O destinatário certamente
é holandês, mas eu também não entendi bem o nome dele. Mas está escrito o nome
e o sobrenome. Eu entendo também a última frase da dedicatória: "I hope
you do understand it".
Vou
tentar decifrar aqui o que eu entendo da péssima letra da culta Rozsika (que eu
assumi ser mulher). Uma pessoa que dá esse livro de presente é uma pessoa
legal. Ela começa falando que se importa com ele/ela, que ele/ela faz parte de
uma das árvores mais velha da vida dela/dele... Árvores mais velhas me remete a
relações familiares antigas, mas como a origem entre os dois aprece muito
diferente, penso que ela reencontrou um amante da mãe dela? Ou o pai que ela
nunca conheceu? Um tio-avô que ela acreditava ter morrido na guerra?
Naturalmente não é um círculo familiar que ela tenha tido relações em sua
infância.
Deixando
as conjecturas, o livro traz reflexões profundas sobre a vida, sobre a arte,
sobre cultura, sociedades. E ela pula de um assunto para outro com tanta
naturalidade, que segue o nosso fluxo natural de pensamentos. Adoro reflexionar
sobre relacionamentos familiares, junto com a Anais, e logo estar refletindo
sobre os personagens de um filme clássico... o livro é uma delícia de se ler.
Toda
essa introdução é para dizer que hoje eu fui ao sapateiro, que tinha se
esquecido de consertar o meu sapato. Como agora eu moro longe, o convenci a
consertar rapidinho enquanto eu esperava. Então sentei num banquinho em baixo
de uma árvore, tirei o livro da bolsa e comecei a ler. Fazia um tempão que eu
não o lia, porque estou lendo outros 5 livros ao mesmo tempo, e os outros por
alguma razão se tornaram prioridade. Mas das 4 páginas super profundas e lindas
que eu li hoje, tirei algo que é pura reflexão de ano novo, que eu vou
compartilhar aqui:
"Not
knowing what we want, not wishing for it, keeps us navigating along peripheries
and tributaries formed and shaped by external influences. (...) The probable
and improbable are only negative concepts we have to transcend, not
accept".
Então,
feliz ano novo a todos os leitores!
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