Hoje a ocorrência de dois fatos me leva a escrever este post:
O primeiro foi ver a foto do túmulo do Jim Morrison que eu tirei em Paris;
O segundo foi a Renée escrever que estava sentindo falta de Brasília, de sentar na grama, de ter papos cabeça com as amigas.
Porque estes dois fatos estão estreitamente relacionados.
Eu e Renée éramos adolescentes inteligentes, contestadoras, rock'n'roll. Com mais algumas boas amigas, dotadas das mesmas qualidades, sentávamos sempre na grama, no intervalo das nossas aulas do segundo grau, e conversávamos sobre tudo e tentávamos gentilmente resolver todos os problemas do mundo. De política à nova tendência da moda punk, sabíamos tudo. E era um papo recorrente: The Doors, Jim Morrison e visitar o túmulo do Jim, que por acaso estava em Paris.
Eis que eu chego em Paris, não com 15, mas com 30 anos e sem pensar duas vezes, me destino primeiro ao cemitério Père Lachaise, onde está o Jim. Haviam muitas pessoas (ou turistas) perdidas procurando lugares concretos. Na minha cabeça, era um pouco óbvio que todos estava procurando a mesma sepultura que eu. E me pegava pensando que aquela senhora de casaco de pele e cabelos brancos, afinal de contas tinha levado mais tempo do que eu para encontrar o Jim. Ou que aquela outra de salto alto não tinha vindo com o traje adequado. Mas segui a senhora. Acabei bem longe do Jim, visitando o Oscar Wilde. Aí a ficha caiu que nem todos têm os mesmos sonhos na vida (mas será que era um sonho? Creio ser mais um assunto mal resolvido do passado. Não um fantasma que me perseguia, afinal se o Jim me perseguisse eu estaria muito bem e não ia querer ir à Paris resolver esta situação).
Depois de muito andar, encontrar americanos buscando o Jim, comprar um mapa do cemitério, responder mil vezes à pergunta de quem era JIM MORRISON (quando eu ousava perguntar a alguém, em francês, onde era a tal sepultura) eu a encontrei.
Eis que estou ali. Não era só eu e o Jim, afinal o local estava cheio, mas estávamos juntos.
E agora? Me bateu um branco já no nível do desespero. E agora que finalmente eu estou aqui, o que eu tenho que fazer? Tirar uma foto? Tirei mil. Gritar? Não ousei. Chorar? Não deu vontade. Cantar? Não pensei ser adequado. Simplesmente eu estava lá e não sabia o que fazer. Peguei o celular. Queria ligar pra Danisvan ou pra Renée para perguntar o que eu deveria fazer. Não liguei. Fiquei um bom tempo ali, pensando. No final eu o agradeci pela boa música e pelos bons momentos que ela me proporcionou. Começou a chover...
Riders on the storm. E me fui ao Sacre Coeur.
2 comentários:
Saudades da gente sentar na grama.
Ainda vou ficar em silêncio em frente ao túmulo do Jim igual vc. Porque acho que não tem muito o que fazer mesmo, só agradecer mentalmente por ter sido a trilha sonora de uma parte tão boa da nossa vida. Quando a gente é adolescente tem uma pureza em admirar alguém, que eu sinto falta. O Jim me ensinou a admirar o talento das pessoas... No seu silêncio Juanalds tem uma bela reverência. Não temos muito o que buscar no túmulo do Jim, mas muito a agradecer pelo que vivemos até esses 30 anos em que vc chegou ao Pere Lachaise. A velha história de que o que vale não é o destino, é o que se aprende no caminho. Será?!!! Risos.. Beijos. Te amo amiga.
Amiga, vou esperar ansiosamente a sua chegada em Santander. Será verão, minha casa tem um lindo jardim, vamos nos sentar na grama, assar uma carne, e colocar o papo de 15 anos em dia. Também te amo. Besucos
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