O que é ser racional?

Primeiro quero me desculpar pela longa ausência. Esta semana fiz o login in vários dias para publicar, tenho vários posts na minha cabeça, mas a verdade é que foram duas semanas muito atípicas, apesar de que foram por motivos muito distintos e quem sabe um dia eu conto essa história.
Esta semana começou o famoso clima santaderino. A chuva não dá muitos minutos de trégua e os ventos são incríveis, de forma que se você não está coberta de material impermeável fica toda molhada! Quinta feira pela manhã foi um período infernal. Tinha combinado com a Becky, minha amiga inglesa para fazer o teste de espanhol na escola de línguas da unvirsidade, às 10:20. Como estava chovendo forte, decidimos ir de ônibus ao invés de caminhar. Só que ficamos na parada até 11hs para descobrir que o ônibus pra uni não passa ali pelas manhãs. Assim caminhamos até a outra parada (o teste começava 11hs), chegamos ensopadas à universidade às 12hs. Felizmente a coordenadora era simpática e nos deixou fazer a prova. 45 mim depois, concluída uma prova de múltiplas escolhas de 100 questões só para entrar em um curso, ela me chamou para fazer a prova oral (eu ainda 100% molhada, minhas botas de plástico se mostraram inúteis- e 12 graus). Disse que meu nível era muito alto, mas eu disse que ainda tinha dificuldades para escrever. Então ela disse que ao invés de me colocar no nível proficiência, ia me colocar no nível anterior, avançado, para aprender mais gramática. Me pareceu justo. Só que quando fui fazer a matrícula descobri que eu não podia o horário do avançado, que coincidiam com as aulas do mestrado, e sim o de proficiência. Só que para a minha surpresa não me deixaram fazer a matrícula porque no papel que a coordenadora deixou estava escrito "avançado" e não "proficiência. Tentei explicar que ela disse que eu podia fazer o outro e tal, mas não, o senhor do balcão foi 100% intransigente e se recusou a falar com a coordenadora. É por isso que eu tenho certeza que o Brasil vai ser a superpotência do terceiro milênio.
Burrices à parte, saí super chateada para perceber que, além de não poder fazer aulas de espanhol, eu estava atrasada para um encontro com um professor. Do caminho da minha faculdade para a cátedra, fiquei com a bunda toda molhada. Qualquer parte que fica descoberta 1 minuto fica ensopada!!!!!! Depois comi algo correndo, molhada, e já estava atrasada para o pilates. Molhada.
Sexta saí para comprar botas térmicas e impermeáveis, mas não encontrei! :(
E a chuva continua a pino!
De forma que eu não tinha certeza se devia ir à caminhada do mês de novembro que já tinha me inscrito e pagado, da Universidade. Ponto positivo: era num parque muito famoso na região, especialmente na época do outono. Ponto negativo: com certeza absoluta eu ia ficar ensopada e ia caminhar o dia todo na chuva. Pensando no frio que estava fazendo e no meu trauma só de caminhar de casa até a universidade, me parecia racional não ir. Eu também tenho que fazer o trabalho do Sérgio, e em espanhol! Mas ontem à noite me deu uma coisa. Me veio à cabeça o que é ser Juana. Afinal, nenhuma das minhas decisões e ações parecem muito lógicas, se analisadas friamente. Os lugares que eu me meto, as coisas que deixo para trás... e pensei que é me meter nas supostas furadas que me faz o ser único que já tem um livro para escrever de histórias de vida. Mesmo que pareçam coisas estúpidas às vezes. Não sei, me deu a certeza de que é isso que me faz ser. Então fiz a mochila.
Domingo acordei às 7hs, e não estava chovendo. Parecia um bom sinal. Do momento que deixei a cozinha, depois do café da manhã, já estava chovendo torrencialmente. Quando cheguei no ônibus para ir à excurção já estava com as calças ensopadas. Meu tênis de caminhada é impermeável e também tenho uma jaqueta impermeável, mas não calças, porque estão na minha maleta inalcançável em Bruxelas. Mas tinham alguns loucos como eu, e todos juntos fomos. E então também veio a certeza de porque eu sempre me meto em pretensas furadas: Deus sempre está do meu lado! Então o guia decidiu mudar o trajeto para uma região que parecia não estar chovendo e ao invés de ficar em Cantabria mesmo, fomos conhecer outro estado da Espanha: Castilla y León.
Na fronteira entre os dois estados há uma cadeia montanhosa que impede as nuvens de passar. O sol estava a pinto quando lá chegamos, o que me deixou muitíssimo feliz, já que não o via há tantos dias. Sorte que sempre tenho um protetor solar às mãos. E a paisagem era belíssima!!!!! Depois do almoço sim começou a chover, mas muito menos forte do que em Santander nos últimos dias, então não fiquei molhada, o que eu tinha me protegeu. Chegamos num pueblo chamado Olleros de Pisuerga que tinha também uma famosa igreja romântica numa cova. Foi um domingo perfeito. Vi até dois arco íris no céu, um do lado do outro, fênomeno raríssimo.
Eu gosto de ser Juana, afinal.