Cheguei ontem, problemas no francês, acabei com um quarto maior do que meu apartamento em Praia, mas pelo menos meu hotel é em frente ao hotel onde terei reuniões de terça à sexta. Ontem ao chegar descobri que era dia de eleições, então desaconselhável ir ao centro ou qualquer outro lugar onde poderia ter brigas e revoltas... :(
Dei uma volta no meu quarteirão, que me deu a impressão de ser o "Lago Sul" da cidade. Quantas mansões!!! Fui também a um lugar chamado "Pointe des Almadies", que é o ponto mais oeste do continente africano. No fim da tarde, fui conhecer uma inglesa num café próximo, comi uma salada grega que não era grega, porque tinha alface. Gosto da influência árabe na comida, e acho interessante ouvir as rezas árabes, é a primeira vez que estou na África islâmica sub-saariana. Não gosto de como os homens tratam as mulheres, eu inclusive.
Hoje acordei tarde, fui à ilha de Gorée. A ilha era também um porto importante para o tráfico negreiro, claro que primeiramente invadida pelos portugueses (fico pensando porque hoje Portugal é hoje uma nação tão pobre... bom, claro, eu sei, estudei história, mas é F-O-D-A), recuperada pelos franceses, depois de brigar também com os holandeses...
Os portugueses chegaram primeiro no rio Senegal, depois na península Cabo Verde (o que hoje é Dakar. Note-se que o nome do arquipélago de Cabo Verde- República de Cabo Verde- veio desta península, por ficar na mesma latitude. As pessoas se referiam às ilhas como àquelas na mesma linha de cabo verde...).
A ilha é uma gracinha, embora seja uma memória constante das atrocidades que se fazia ali em nome do tráfego negreiro. Há um museu numa antiga casa construída para "guardar" os escravos até serem embarcados para as Américas, principalmente Estados Unidos...
Mas a ilha é bem bucólica, sem carros, muitos pássaros, casas coloridas, conservadas. Fica a 20 minutos de barco do porto de Dakar.
Na volta, caminhei para a Praça da Independência, comi kibe no Ali Baba (já comi uns mil kibes desde que cheguei ontem! Adoro os libaneses!! E adoro o fato deles terem se espalhado pelo mundo, levando sua influência culinária!).
Aliás, comer é uma das minhas prioridades nesta estadia, tirar a barriga da miséria. Pena que no supermecado hoje não entenderam quando eu perguntava onde ficava o "humus". Eles perguntavam: "para o que serve", eu pegava o pão árabe, fazia o gesto de colocar em cima, comer, e fazia cara de "que delícia", mas eles não entenderam... sim, tenho usado muita mímica por aqui. É fácil constatar que apesar de tanto estudar, meu francês falado não vai muito além de barganhar o preço no taxi e pedir kibe em qualquer lugar que eu paro.
E por isso, fiquei muito feliz hoje quando, ao parar no centro para plastificar meu cartão de residente de Cabo Verde, encontrei um "compatriota", um senhor segurando o passaporte cabo verdeano. Ficamos logo amigos e ele, com sua irmã e outra cabo verdeana, me levaram para a feira principal da cidade, Sandaga. Eu queria comprar um vestido. Eles ficaram de negociar o preço para mim. GEEEEEEENTE, vocês não acreditam que eles não quiseram baixar mais do que 100EUR por um vestido. Credo. Eu realmente não gosto de ter que negociar o preço por 1 hora, fico sem paciência. Voltei de mãos vazias, aliás, com uma pulseira e alguns panos pintados. Mas ficamos muito amigos, e definitivamente é melhor neste momento ter que conversar em criolo do que em francês.
As fotos: a primeira é na Île de Gorée e a segunda sou eu e meus amigos cabo verdeanos na saída do Marché Sandaga
Um comentário:
O mulher que viaja! ontem invejamos de vc, comemos kibe assado. bjos carla
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