Calcinhas

Eu estou fazendo ginástica aeróbica. Eu era muito preconceituosa, minha herança anos 80. Mas sabe, aquele velho discurso, em Praia não tem muitas opções, etc.
A academia, que abriu logo no início de Janeiro, tem um espaço apertadíssimo para musculação e outro mais apertado ainda para as aulas de ginástica. Todos os cabo-verdeanos que eu já conhecia estão lá na academia, até uma cantora que eu virei fã e comprei o CD, o negócio é super vip. Vip pelas pessoas, não pelo espaço, diga-se de passagem. Espero que você nunca tenha que usar seu banheiro.
Isso tudo foi só a introdução para um fato recorrente durante as minhas aulas de ginástica. Há uma senhora, que insiste em sempre se prostrar à minha frente, durante a tumultuada aula. Além da persistente insistência, ela usa sempre a mesma roupa. Não troca nem a camiseta, nem a calcinha. Por que eu sei disso? Porque sua calça de ginástica é transparente. E eu sou obrigada a ver durante toda a aula sua enorme calcinha florida. A mesma, toda segunda, quarta e sexta. Vamos esperar que ela seja como a turma da Mônica e tenha um armário cheio de roupas iguais. Mas eu não gosto de ficar encarando calcinha das outras...
Então eu, após prolongada reflexão, decidi fazer o possível para fugir dela na aula de ginástica, a calcinha estava me incomodando. Fui para o outro lado da sala, ela foi também. Ontem eu me encostei na pessoa da frente, assim não teria espaço mesmo para ela. Então ela ficou do meu lado. E o professor resolveu mudar o sentido da aula, viramos todos para a esquerda. E eu fiquei novamente encarando a calcinha. Tem algo sobrenatural nisto. E por que este fato me incomoda tanto? Não sei. Comecei a pensar que pode ser karma, talvez eu esteja fazendo, sem querer, alguém ver muitas calcinhas feias. E realmente eu perdi muitas na minha nova-velha máquina de lavar. Pedi então para minha amiga que foi ao Brasil ontem trazer toda uma coleção nova de calcinhas para mim. Bonitas e pequenas. E espero que o assunto da aula de ginástica se resolva.