quinta-feira, 3 de abril de 2008

Canárias 2

No outro dia acordamos cedo, pegamos um guagua (como chamam ônibus aqui), aeroporto novamente, Tenerife. Gente, que ilha linda, é tudo verdinho, parece que uns tais ventos alísios sobram por aqui fazendo tudo ficar verdinho, nada de deserto, apesar de estar tão próximo do Sahara, o que eu não esperava, pois a temperatura está GELADA, clima europeu total, e eu só tinha roupa de verão na mochila. Tento achar alguma loja aberta para comprar casacos, nada, aqui eles levam a sério a semana santa. Frio. Mais frio ainda quando subimos ao vulcão, mil metros mais alto do que o de Fogo, na volta minhas pernas doíam de frio, nunca tinha sentido isso. Mas é lindo, muitos bosques no caminho, de vários tipos, hotel dos sonhos.
Jantar no Mc Donalds (até disso, confesso, sentia falta), cinema!!!! Ah... que saudades... mesmo que eu tenha esquecido que todos os filmes na Espanha são dublados, nada como comprar aquela pipoca maior que você, com aquele copo de coca família (o que faria os meus sobrinhos, verdadeiros companheiros de cinema, estranharem... eu nunca comprei essas promoções pra gente), sentar no escurinho e ficar esperando o desfecho do trama, sair conversando, pensando, confuso. Cinema é bom demais.
No outro dia, cidades balneárias, praia com toda infra estrutura, churros... muito choco churros, empanadas... adoro a Espanha. Mais cinema, bocadillos e... chuva. Ai que delícia é a chuva. O barulho da chuva, sentir as gotas caindo sobre o seu corpo, cantei quase como no filme “I am singing in the rain, just singing in the rain...” muito bom, nunca tinha percebido a sinfonia que é o cair da chuva. Até disso sentimos falta em Cabo Verde. O bom desse país é isso, nos fazer apreciar todas essas coisas com outro gosto, apreciar cada gole, cada mastigada, cada fenômeno da natureza. Grandes lojas, bancas de jornais, meia hora só decidindo que revista comprar... gente, até aquelas frutas secas adocicadas de Instambul, que eu amo, achei aqui no mercado municipal. A lojinha do queijo... tantos tipos que eu nunca nem ouvi falar. Até das patricinhas já sentia falta, aquelas loiras, sempre impecáveis, sapato salto 20, cílios postiços, sim, sentia falta de ver loiras só para variar.
Domingo de manhã desço para comprar churros, o café da manhã tradicional em família com churros, em plena páscoa. A única loja aberta, com uma fila enorme, aquela loja familiar tão difícil de encontrar em nossos dias, o avô que frita, a esposa que pega o dinheiro, a filha que põe na sacolinha, o genro que traz de lá pra cá, nem me importo de ficar 20 minutos na fila.
Segunda aproveitei e muito todas as boas barganhas européias. Fiz uma limpeza de pele que me fez sentir saudades de Brasília e da Luana “Não vai esperar outra amiga casar para fazer uma limpeza de pele” me disseram.
Terça… fui a uma sessão de biodanza, sinceramente acho que a biodanza deveria estar garantida na Declaração dos Direitos do Homem, que maravilha, que prazer. Dessa família que é a biodanza, em uma sessão em Santa Cruz, já saí com pelo menos un par de amigos para toda a vida. Com um desses amigos, fiz uma caminhada pelas montanhas do norte da ilha na quarta, fomos também à praia. Aí… deu o horário, voltamos, tomei banho, aeroporto, vôos cancelados em função do mal tempo, mas o nosso sai na hora, pousa em Las Palmas, minha mochila estragada pela companhia, fila para o vôo para Cabo Verde. Ainda não tinha pensado sobre voltar para casa, só me toquei quando comecei a ouvir o criolo na fila… e me deu um aperto no coração, uma vontade de ficar… estou triste, mas com a certeza de que vou voltar…

Um comentário:

Unknown disse...

Amiga do coração, realmente vc é uma poetisa. Tem o dom da palavra...até me senti na chuva. Emocionante! beijos

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